De manhã três dúzias
e à tarde outras três
dúzias de tílias plantadas
ao longo de um cordel esticado,
enquanto o capelão velho vigiava da janela.
Para o jardineiro, soltar aquele cordel
foi soltar a alma: "Ah!"
A mata ao longe, em muralha,
sustentava todo o entardecer.
Caminhando de costas para o palácio,
com a meada de cordel no bolso,
o jardineiro lembrou-se da mulher,
baixinha ciciosa, de roca à cinta.
Ainda antes de ele entrar em casa,
logo que os cães dessem sinal,
ela despejava água quente na selha,
para ele lavar os pés em frente ao lume.
O capelão ainda continuava à janela,
tentando encostar a testa à vidraça
sem encostar também o nariz.
Aquelas tílias durariam séculos,
caso resistissem a incêndios, pragas, nevões,
tropas invasoras
e dívidas de jogo.
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