Ao luar da noite pênsil,
entre imagens vagabundas,
passo a passo o sonhador
deixa sumir nas profundas
do abismo um cabelo, um pêlo,
um pedacinho de pele.
Sorrindo vai, não lhe importa
perder a bagagem morta.
E de manhã, quando acorda,
já outra margem o chama
e a noite passada é
cotão debaixo da cama.
Outra versão:
O Funâmbulo Sonhador
Sonhador da noite pênsil,
sonhador do Canto IX,
que vais de imagem em imagem
sobre uma corda de sono:
a cada passo que dás,
deixas ficar para trás
um fio, um cabelo, um pêlo,
um pedacinho de pele...
Ei-los girando pelo abismo,
minúsculos pontos em chama...
Amanhã hão-de ser só
cotão debaixo da cama.
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