segunda-feira, 5 de julho de 2021

O bote inflável

Num bote inflável laranja,
cor da paixão e do medo,
passei a foz do Mondego
sem bóia de salvação.
 
Aos vinte anos quando o verão
nos agarra, bate forte:
tudo em nós se desarranja
e amar é perigo de morte.
 
Se eu me tivesse afogado
ali à boca da barra
por tão mal saber nadar,
o meu corpo iria ao mar,
mas a alma ficaria
com o dono da embarcação
que era o meu primeiro amor,
olho azul, bom nadador.





"Primeiro amor" 

Pintei-o na parede da minha cozinha. 74x70

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